O que antes parecia lenda, agora toma forma científica e institucional: o Fórum de Estudos Econômicos e Sociais para o Desenvolvimento Sustentável (Focos) vai promover o I Workshop sobre a Proposta de Criação do Geoparque do Purussaurus da Amazônia, um passo decisivo para o reconhecimento internacional de uma das regiões mais ricas em achados paleontológicos da América do Sul. O evento, que será realizado no Palacete Provincial, em Manaus, reunirá pesquisadores, gestores públicos e representantes de instituições científicas para discutir a viabilidade do Comitê Gestor e o papel estratégico de instituições regionais na consolidação da proposta. Segundo o professor Cristóvam Luiz, integrante da coordenação do Focos, o workshop pretende apresentar as recentes descobertas científicas sobre o “purussaurus brasiliensis” – um crocodiliano pré-histórico que poderia ultrapassar 12 metros de comprimento e habitou o antigo Lago Pebas, nas bacias dos rios Purus, Acre e Iquiri. “As pesquisas também abordarão os geoglifos amazônicos, com destaque para os estudos liderados por geólogos, biólogos e paleontólogos do Instituto Geoglifos da Amazônia”, destaca. A programação inclui a apresentação do dossiê de candidatura para o Geoparque Nacional do Purussaurus da Amazônia, que será encaminhado ao Governo Federal e, posteriormente, à UNESCO – etapa essencial para o reconhecimento oficial da área como geoparque global, unindo ciência, educação, turismo e desenvolvimento sustentável. O evento conta com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Governo do Estado, SEDECTI-AM, IPHAN, prefeituras e câmaras municipais, além da participação de professores e alunos da UFAM e UEA. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo link oficial do evento:Formulário de Inscrição.
Purussaurus à vista: Amazonas prepara dossiê para Geoparque com fósseis de crocodilo gigante
Capitão Alberto Neto cobra governo Lula após relatório apontar Manaus como epicentro do crime na Amazônia
“Com rios estratégicos, portos movimentados e fronteiras vulneráveis, Manaus se consolida como o principal elo logístico entre o narcotráfico internacional e as economias ilícitas da floresta”, afirmou o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL/AM), ao questionar o Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre o fato de Manaus ser apontada como epicentro do crime organizado na Amazônia. A informação consta no relatório “A Amazônia sob ataque – Mapeando o crime na maior floresta tropical do mundo”, publicado em outubro de 2025 e elaborado pela Amazon Underworld. O documento identifica Manaus como ponto estratégico para o crime organizado na região, destacando a capital amazonense como um dos principais corredores da cocaína produzida na América do Sul. “As drogas chegam pelo Rio Solimões e seguem ao longo do Rio Amazonas para distribuição doméstica ou transporte internacional, com as facções brasileiras Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC) dominando essas rotas”, explicou o parlamentar. Principais preocupações De acordo com o relatório, 67% dos municípios amazônicos têm presença de facções criminosas, e Manaus se tornou o principal corredor de cocaína da América do Sul. Diante desse cenário, o deputado questionou o governo federal sobre qual é a estratégia concreta para desarticular as rotas do narcotráfico nos rios Solimões e Amazonas; se o Estado brasileiro perdeu o controle de partes do território nacional; e como o governo pretende recuperar a soberania nessas áreas. O parlamentar lembrou ainda que o avanço do crime no Amazonas está diretamente ligado ao garimpo ilegal, destacando que o PCC tem diversificado suas operações em Roraima, especialmente nas terras indígenas Yanomami, na fronteira com a Venezuela, recrutando venezuelanos para o garimpo e atividades paralelas, como segurança e exploração sexual. “O relatório conclui que a Amazônia vive uma era de violência exacerbada, impulsionada pelo ouro e pela cocaína. O dinheiro do crime continua corrompendo forças do Estado, juízes e autoridades locais, enquanto as facções expandem sua influência sobre os territórios amazônicos”, destacou Capitão Alberto Neto.
Mostra leva o público a uma viagem ao imaginário japonês no Palacete Provincial
Quem quiser atravessar um verdadeiro portal para o Japão, sem sair de Manaus, tem destino certo: o Centro Cultural Palacete Provincial recebe, até o dia 9 de dezembro, a exposição “Lendas e Crenças Tradicionais Japonesas”, da artista digital Paola Honda Castro (Lolie Art). A mostra convida o público a mergulhar em 12 narrativas lendárias do imaginário nipônico, reinterpretadas com o traço sensível e contemporâneo da artista. A mostra vai além de celebrar histórias ancestrais — é uma experiência de um mergulho na estética pop japonesa que encanta gerações. As ilustrações digitais, coloridas e detalhadas, vêm acompanhadas de textos bilíngues (em português e japonês) e possibilitam a imersão do visitante em um cenário que mistura tradição, tecnologia e emoção. O acervo ainda conta com totens de personagens, uma árvore de cerejeira artificial e um grande painel do Monte Fuji, símbolo máximo do Japão, sagrado e protetor na perspectiva da cultura local. Uma das obras em destaque retrata Konohana-Sakuya, a deusa do Monte Fuji, conhecida como “aquela que faz as flores desabrocharem”. Guardiã da montanha sagrada japonesa, ela representa a beleza efêmera da vida e a força da natureza — símbolos que inspiram o olhar poético e digital de Paola. A artista também criou formas interativas para aproximar o público de suas criações. Após percorrer a exposição, os visitantes são convidados a escolher o conto que mais os tocou, colando adesivos de flores de sakura próximos à obra favorita. “Pensei nessa interação como uma forma de tornar o passeio mais inclusivo e divertido. É uma maneira de o público se conectar emocionalmente com as lendas e deixar sua marca na mostra”, explica Paola. A curadoria e os textos que acompanham as obras são assinados pela arquiteta e urbanista Márcia Honda, mãe da artista, que também atuou como produtora cultural e pesquisadora. “Foram quatro meses de pesquisa, consultando mais de 40 títulos — alguns datados do século XIX — e acervos da Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental (Nippaku) e do Curso de Letras – Língua e Literatura Japonesa da UFAM. Busquei, em cada conto, não apenas a história, mas o valor humano que ela transmite”, conta Márcia. A tradução dos textos para a língua japonesa ficou a cargo da professora Pâmela Cristine Macedo Rebelo, ex-sensei (professora) da artista e que atualmente reside no Japão. “Trabalhamos com dedicação e paciência, ajustando fuso horário e rotina, para disponibilizar os contos em sua língua nativa, como forma de reverenciar a cultura japonesa”, afirma Márcia. A exposição foi contemplada pelo Edital de Chamamento Público nº 02/2024 – Fomento à execução de ações culturais de Artes Visuais, promovido pelo Governo do Estado do Amazonas, por meio do Fundo Estadual de Cultura, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB – Lei nº 14.399/2022). O projeto é realizado com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, do Conselho Estadual de Cultura do Amazonas, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, bem como do Governo Federal. Aberta ao público com entrada gratuita, a mostra estará disponível até 9 de dezembro de 2025, de segunda a sábado (exceto quartas e domingos), das 9h às 15h, no Centro Cultural Palacete Provincial, na Praça Heliodoro Balbi, Centro. O espaço conta com recursos de acessibilidade: pisos táteis, plataforma elevatória, elevador, banheiros adaptados, escadas com corrimão, vagas reservadas e monitores bilíngues (português, inglês e espanhol) capacitados para atender idosos e pessoas com deficiência. No cruzamento entre arte digital, tradição milenar e cultura pop, “Lendas e Crenças Tradicionais Japonesas” promete ser uma das experiências mais sensoriais e encantadoras da temporada cultural manauara — uma viagem ao Japão sem sair do coração da cidade.
CMM realiza audiência pública para garantir recursos na proteção à infância
A Câmara Municipal de Manaus (CMM) realiza nesta terça-feira, 4 de novembro, às 13h30, uma audiência pública para discutir a dotação orçamentária na Lei Orçamentária Anual (LOA) para a proteção da infância. O debate foi proposto pelo vereador Raiff Matos (PL), presidente da Comissão de Direitos da Criança, do Adolescente e do Idoso (COMDCAI) com o objetivo de garantir a aplicação de recursos municipais para o cuidado da criança e do adolescente na elaboração das leis orçamentárias do município (PPA 2026-2029, LDO 2026 e LOA 2026), enfatizando prioridade absoluta à infância, como determina a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Na audiência, também serão ouvidos representantes de instituições que atuam na linha frente no cuidado e proteção de crianças e adolescentes para a definição de políticas públicas mais assertivas neste segmento. A pauta do encontro inclui ainda a destinação de recursos para o acolhimento institucional de crianças e adolescentes, a implantação do serviço Família Acolhedora e o reforço de políticas públicas que atuam diretamente na prevenção de violações de direitos. Representantes de órgãos públicos, entidades de acolhimento e conselhos de proteção confirmaram presença. A audiência será realizada no Plenário Adriano Jorge. “Orçamento é sinal de prioridade. Se a assistência social recebe pouco, o resultado aparece nas ruas, nas escolas e nas delegacias. A audiência é para ajustar isso enquanto há tempo”, afirma Raiff Matos. O parlamentar lembra que os problemas que afetam a infância e a adolescência nascem da ausência de políticas estruturadas. “Exploração sexual, tráfico e evasão escolar são sintomas de uma falha anterior: a falta de proteção. O Estado precisa agir antes do dano, não depois”, reforça. Segundo Raiff, fortalecer as famílias é o ponto central da política pública. “Quando a base familiar está frágil, a sociedade paga a conta. Investir em acolhimento e prevenção é mais inteligente que remediar depois. Cada criança bem protegida hoje é um futuro resguardado”, completa. A audiência será aberta ao público e transmitida ao vivo pelos canais oficiais da CMM.