
“O Brasil está sistematicamente de costas para os municípios isolados do Amazonas. O abandono das zonas de fronteira facilita a instalação de organizações criminosas”, destacou o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL/AM), em requerimento enviado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para tratar sobre o domínio de grupos criminosos em Envira, no sudoeste do Amazonas.
Na última segunda-feira, o município viveu uma onda de violência e terror após uma operação policial que terminou com a morte de dois suspeitos de roubo. A cidade registrou uma sequência de incêndios criminosos em residências, na garagem de ônibus e em outros estabelecimentos. Os ataques são atribuídos a uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas que atua no município.
O documento justifica que a região, há muitos anos, tem sido utilizada pelo crime organizado como corredor estratégico para o escoamento de cocaína que entra pelas fronteiras do Brasil, principalmente com a Bolívia, a Colômbia e o Peru, maiores produtores mundiais da droga. O município de Envira, especificamente, situa-se em uma área de confluência crítica, onde o rio Envira — que nasce no Peru — atravessa territórios marcados pela presença do narcotráfico, da extração ilegal de madeira e de outros crimes ambientais.
“O cenário em Envira expõe uma realidade alarmante. Facções criminosas do Brasil, Peru e Colômbia disputam o controle dos rios no Amazonas para dominar o tráfico de drogas e armas. O narcotráfico tem se intensificado nas últimas décadas e, hoje, é uma das principais ameaças às populações indígenas e ribeirinhas, vinculado a atividades de garimpo, desmatamento e roubo de madeira”, explicou o parlamentar.
O deputado ressaltou que, enquanto o Brasil não implementar políticas públicas permanentes de segurança, desenvolvimento econômico, educação e saúde nos municípios isolados da Amazônia, continuará perdendo territórios para organizações criminosas que preenchem o vácuo deixado pela ausência estatal.
Defensor da pauta de segurança pública, Capitão Alberto Neto cobrou a presença e atuação efetiva das forças de segurança do governo federal na região de fronteira e nos municípios do interior do Amazonas que estão sendo dominados pelas facções.
“O caso de Envira exemplifica o abandono histórico dos municípios do interior do Amazonas, onde investimentos esporádicos em infraestrutura não compensam décadas de ausência de políticas estruturantes que permitam às comunidades isoladas resistir à penetração e ao domínio territorial das organizações criminosas ligadas ao narcotráfico internacional”, enfatizou Capitão Alberto Neto.