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Roda-gigante reacende suspeitas e exposição política do prefeito David Almeida

roda gigante Prefeitura de Manaus Portal Fred Novaes

A polêmica em torno da roda-gigante instalada pela Prefeitura de Manaus na Ponta Negra segue crescendo e já se tornou um dos casos mais constrangedores da atual gestão. O episódio reúne todos os elementos de uma crise política completa: contratação nebulosa, empresa recém-criada assumindo um equipamento de grande porte, ligação política direta com o prefeito, pane que colocou vidas em risco e forte reação dentro da Câmara Municipal. A cada nova revelação, a pressão por transparência aumenta.

A discussão ganhou força após a inauguração da atração, no dia 20 de novembro, quando a imprensa identificou que a empresa Wheel, responsável pela operação da roda-gigante, havia sido aberta apenas dois dias antes da estreia. A informação levantou suspeitas sobre os trâmites da contratação e abriu caminho para uma sequência de questionamentos sobre licenciamento, segurança e modelo de exploração comercial. O caso se agravou no último sábado (22), quando uma pane deixou dezenas de pessoas presas por cerca de uma hora, gerando pânico e relatos de insegurança. O incidente desmontou a narrativa otimista da Prefeitura e ampliou o desgaste político.

O escândalo ganhou dimensão ainda maior após reportagem exclusiva do portal Cenarium revelar que o sócio-administrador da empresa que assumiu a operação da roda-gigante — sem licitação — foi um dos principais líderes da campanha de reeleição do prefeito David Almeida (Avante) em 2024. A informação adicionou um componente político explosivo ao caso e reforçou suspeitas de favorecimento, abrindo uma nova frente de cobrança no Legislativo.

Diante da repercussão negativa, vereadores de oposição passaram a exigir explicações formais. Rodrigo Guedes (Progressistas) apresentou o requerimento 17.307 solicitando informações detalhadas sobre a instalação, operação, AVCB, alvará e eventual chamamento público para exploração da atração. Já Zé Ricardo (PT) classificou a situação como gravíssima e protocolou pedido de cópia integral do processo de contratação, justificativas técnicas, comprovação de capacidade da empresa, taxas devidas à Prefeitura e laudos de segurança emitidos por Corpo de Bombeiros, Inmetro, Amazonas Energia e CREA-AM. O parlamentar criticou a tentativa da gestão municipal de “desviar o foco” atribuindo culpas a terceiros, questionando como uma empresa criada dias antes da montagem poderia operar um equipamento desse porte.

Na outra ponta, a base governista tenta minimizar o impacto político. Eduardo Alfaia (Avante) lamentou que a Câmara estivesse “gastando energia” discutindo a roda-gigante enquanto a cidade enfrenta problemas graves de infraestrutura, educação e saúde. O vereador defendeu a política de obras de lazer da Prefeitura, argumentando que iniciativas como a Casa de Praia Zezinho Corrêa, o Parque Gigantes da Floresta e os novos mirantes fortalecem a imagem turística de Manaus no pós-pandemia. Para ele, parte das críticas seria motivada por um distanciamento social de quem “pode levar os filhos para passear na Disney”.

Apesar das tentativas de blindagem política, o caso avança para um terreno de difícil reversão. A ausência de licitação, o vínculo político do responsável pela empresa, a falta de clareza nos processos de autorização e a pane que expôs falhas de segurança criam um conjunto de fatores que exigem respostas imediatas da Prefeitura. Enquanto esses pontos permanecem sem esclarecimentos, a roda-gigante segue girando no centro de uma crise que atinge diretamente a credibilidade da gestão municipal.

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