
A manifestação da direita em Manaus pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos presos de 8 de janeiro promete reunir centenas de patriotas que lutam contra a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e contra o presidente Lula. Ato ganho simbolismo ainda maior por ser realizado neste 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.
Marcado para às 16h, na orla da Ponta Negra, o ato reúne grupos da direita e conservadores que pretendem transformar a data cívica em um grito de rua pela “valorização do Brasil” e pela “verdadeira democracia”, com palavras de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula. O apelo é simples e direto: vestir verde-amarelo e ocupar um dos cartões-postais da capital amazonense.
A convocação tem à frente o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM), que se tornou uma das vozes mais ativas da base conservadora no Estado. Em vídeo de chamada, ele pede adesão maciça: “Eu sei que é domingo, eu sei que é feriado, mas a gente precisa ir para as ruas, salvar o nosso Brasil… É fora Moraes e fora Lula… Eles só temem uma coisa, é o povo nas ruas. Te aguardo lá.” O tom reforça a estratégia de transformar o feriado em termômetro de rua e pressão simbólica.
A organização local fala em “mega-carreata” como parte da mobilização. A previsão era de 100 a 150 caminhoneiros no trajeto pela Grande Circular até chegar à Ponta Negra. Segundo os articuladores, o ato é pacífico e familiar sem nenhum tipo de manifestação contrário à lei, à ordem e aos costumes familiares.
O roteiro não é casual. A Ponta Negra, espaço de grande fluxo e visibilidade, há anos alterna lazer, cultura e passeatas políticas — um palco onde a opinião pública passa, literalmente, na frente dos olhos. Desde 2021, o 7 de Setembro ganhou nova camada de sentido no Brasil: além do desfile cívico, virou data-chave de demonstrações de rua, com atos pró e contra o governo. Na prática, a independência comemorada em 1822 vem sendo reeditada como arena de disputa simbólica sobre liberdade, instituições e rumos do país.
No chamado divulgado nas redes, o mote é vestir as cores nacionais e “mostrar a força do Amazonas”. O Capitão Alberto Neto, personagem central desta articulação, tem apostado no corpo a corpo com o eleitorado por meio de lives, carreatas e convocações diretas. O objetivo político é claro: medir a capilaridade, consolidar a base e sinalizar força para 2026. Em datas simbólicas, a régua é a mesma: quantas pessoas atendem ao chamado, quanto tempo ficam, como a cidade repercute no dia seguinte. Números que, para os organizadores, valem tanto quanto qualquer pesquisa.