Representantes da comunidade nipo-brasileira e autoridades lotaram o plenário Ruy Araújo da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) na última terça-feira, 17 de junho, para a Sessão Especial em homenagem ao Dia da Imigração Japonesa no Amazonas. A iniciativa do deputado estadual João Luiz (Republicanos) marcou a segunda edição oficial da data, que passou a integrar o calendário do Estado em 2024, sempre no dia 20 de junho.
Durante a solenidade, foram homenageados o cônsul-geral do Japão em exercício, Akira Suzuki, e o presidente da Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental (ANBAO), Hajime Hattori, que receberam placas comemorativas. Um dos momentos mais marcantes foi a apresentação do grupo Fuugakazan, que emocionou os presentes com o tradicional taikô — tambor japonês que representa força, união e ancestralidade.

“É uma honra celebrar, pela segunda vez, o Dia da Imigração Japonesa no Amazonas. Há 95 anos, nossos antepassados deixaram o Japão e enfrentaram distâncias imensas e doenças tropicais para aqui semear coragem e trabalho. Hoje, colhemos os frutos dessa confiança mútua, visível na presença ativa das comunidades nikkeis e das empresas japonesas na Zona Franca”, declarou o cônsul Akira Suzuki.
Durante a cerimônia, Suzuki também anunciou a realização de uma ação de limpeza ambiental no Porto da Ceasa — o projeto “Komisero – Lixo Zero”, previsto para o dia 21, em parceria com empresas e entidades japonesas com atuação na região.
A secretária de Educação do Estado, Arlete Mendonça, falou em nome do governador Wilson Lima e ressaltou a parceria educacional com a comunidade japonesa. Ela citou unidades escolares bilíngues e projetos em Parintins, reforçando o compromisso com uma educação intercultural. “Quando as comunidades se unem, somos todos mais fortes”, pontuou.
O presidente do Concultura, ex-deputado Tony Medeiros, fez um resgate histórico do ciclo da juta, iniciado pelos imigrantes japoneses após o colapso do ciclo da borracha. “Eles não eram aventureiros, mas estudantes de agronomia. Trouxeram técnicas agrícolas que impulsionaram a economia e ajudaram o Amazonas a sobreviver a uma fase crítica.”
Medeiros lembrou também leis de sua autoria que reconhecem o ciclo da juta como marco econômico estadual, além de iniciativas que inseriram a história dos japoneses nos livros escolares e um pedido oficial de desculpas do Estado pelas perseguições da Segunda Guerra. “Esse gesto lavou a alma de muitos descendentes, como o senhor Chiba, que aos 99 anos disse aqui nesta Casa que agora podia morrer em paz.”
Encerrando a sessão, o deputado Abdala Fraxe, na presidência, exaltou o acolhimento que o povo brasileiro dá para os diversos povos que são recebidos com muito carinho no país. Descendente de imigrantes árabes, Fraxe destacou que o Brasil se destaca mundialmente nesse quesito exatamente pela abertura que é dada às diversas culturas globais com o tempero nacional.
À noite, a homenagem se estendeu à Praça São Sebastião, onde o Teatro Amazonas foi iluminado com as cores vermelho e branco, numa cerimônia aberta ao público que incluiu nova apresentação do grupo Fuugakazan. O gesto simbólico de luzes reforçou a conexão histórica entre arquitetura, cultura e diplomacia.
De forma complementar, a Ponte Rio Negro (Ponte Jornalista Phelippe Daou) também entrou no clima comemorativo, sendo iluminada nas cores da bandeira japonesa entre os dias 17 e 20 de junho. As ações integram a agenda dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, celebrando uma amizade que se fortalece ano após ano — com raízes no passado, frutos no presente e laços permanentes para o futuro da Amazônia.