
O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) inflamou o público que ocupou a orla da Ponta Negra, em Manaus, na tarde deste 7 de Setembro, com um discurso duro contra o ministro Alexandre de Moraes e críticas ao governo federal. O parlamentar convocou a plateia “a ir para as ruas para salvar o Brasil”, transformando a data cívica em ato político de forte apelo simbólico.
No palanque improvisado, Alberto Neto fez paralelos com 1822 e reforçou a ideia de que o país viveria um momento de restrições à liberdade. “Ele [Dom Pedro] talvez não imaginasse que, mais de 200 anos depois, a gente precisasse dar um novo grito de independência”, afirmou. Em outro trecho, sublinhou o mote emocional do encontro: “A palavra hoje que está no meu coração é esperança. É a esperança de um Brasil livre”.
O ato teve a articulação de lideranças políticas locais e movimentos de direita — entre eles o “Reaja Brasil”, identificado em publicações nas redes e na imprensa regional — e incluiu uma carreata que convergiu para a zona Oeste. Ao longo da semana, Capitão Alberto Neto usou seus perfis para mobilizar apoiadores, reforçando o chamamento a vestir as cores nacionais e comparecer à praia da Ponta Negra.
O deputado atacou o que define como “ditadura da toga” e concentrou críticas em Alexandre de Moraes, a quem se referiu como “tirano”. Em um trecho do discurso, mencionou as sanções dos Estados Unidos ao ministro — medidas que, de fato, foram anunciadas em 30 de julho de 2025 no âmbito do programa Global Magnitsky, com inclusão do nome do magistrado na lista de SDNs do Tesouro americano. As sanções implicam congelamento de eventuais ativos sob jurisdição dos EUA e restrições a negócios com pessoas e entidades americanas. O alcance prático no Brasil, porém, segue em disputa jurídica e diplomática, com bancos e autoridades avaliando os efeitos e a aplicabilidade doméstica.
Na fala de Alberto Neto, houve críticas ao Supremo e menções ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentado como líder silenciado e alvo de perseguição. Como pano de fundo, o ambiente nacional segue tensionado: o STF abriu nesta semana etapas do julgamento de Bolsonaro, acusado, sem provas, de tramar para permanecer no poder após a derrota de 2022.
Sem números oficiais de público até o fechamento deste texto, o que se viu na Ponta Negra foi uma tarde de discursos, palavras de ordem, orações e registros para as redes sociais — com a “esperança” como palavra-chave. Para os organizadores, o saldo é de demonstração de capilaridade e fôlego para as próximas etapas do calendário político. Para a cidade, ficou a marca de mais um 7 de Setembro em que a praia virou praça pública — e a Independência, arena de disputa sobre o significado de liberdade e democracia no Brasil.