Manaus assumiu a liderança entre as capitais da Região Norte em dois indicadores importantes da construção civil: o número de imóveis lançados e a geração de empregos formais no setor. De janeiro a abril de 2025, foram lançadas 1.900 unidades habitacionais na capital amazonense, contra 431 no mesmo período do ano passado — um crescimento de 340%. Ao mesmo tempo, a cidade abriu 1.026 vagas formais na construção, superando todas as demais capitais nortistas.
Os dados foram apresentados no evento “CBIC Indicadores Regionais – Região Norte”, realizado nesta quarta-feira (18), em Manaus, com organização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e apoio do Sinduscon-AM. O crescimento dos lançamentos tem sido puxado principalmente pelo segmento econômico vinculado ao Minha Casa, Minha Vida, que respondeu por mais de 75% das unidades colocadas no mercado no primeiro trimestre. Os lançamentos dentro do MCMV cresceram 469% na comparação com o mesmo período de 2024, enquanto as vendas aumentaram 66%.
Para o presidente da CBIC, Renato Correia, os números refletem a pressão habitacional e o avanço da verticalização na capital amazonense. Ele destaca que Manaus, com mais de 2 milhões de habitantes e um déficit de 103 mil moradias, exige políticas públicas integradas para que esse crescimento se sustente. Segundo ele, é fundamental que os dados do setor sirvam de base para o planejamento urbano e a formulação de políticas habitacionais.
De acordo com Anderson Gonçalves, consultor da Brain Inteligência Estratégica, empresa responsável pelo levantamento, a demanda tem se concentrado nas faixas de renda mais baixas, o que reforça o papel social do setor imobiliário. Já o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, pontuou que o crescimento do setor em Manaus é um indicativo claro de resiliência e precisa ser respaldado por políticas públicas que garantam continuidade e segurança ao investimento.
A construção civil representa hoje 5,67% dos empregos formais de Manaus, com 28.980 trabalhadores registrados. No estado do Amazonas, o setor emprega mais de 30 mil pessoas, sendo o segundo maior empregador da Região Norte, atrás apenas do Pará. Além disso, quase 11% dos novos postos de trabalho abertos em Manaus neste início de ano vieram do setor da construção. A cidade também lidera em número de estabelecimentos formais do segmento na região, com 1.554 empresas registradas, à frente de Belém e Palmas.
A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, alertou que, apesar do avanço, o cenário ainda apresenta desafios como a escassez de mão de obra qualificada e o impacto dos juros altos no crédito imobiliário. Ainda assim, há expectativa de crescimento de 2,3% no PIB da construção civil brasileira em 2025, condicionado à confiança do mercado, estabilidade no ambiente de negócios e manutenção dos programas habitacionais.
Na Região Norte como um todo, o saldo foi de 3.475 novas vagas no setor no quadrimestre, número 36,8% inferior ao de 2024, puxado por quedas expressivas no Acre e no Pará. Amazonas, Tocantins e Roraima registraram desempenho positivo. O Amazonas, por exemplo, abriu 1.006 vagas, enquanto o Tocantins liderou com 1.119. Roraima também chamou atenção com 919 vagas, crescimento de 312%, principalmente em obras de infraestrutura.
O evento da CBIC reuniu representantes do setor produtivo, especialistas e autoridades públicas, com patrocínio do Banco de Brasília (BRB) e apoio da Fieam, Ademi-AM e Sebrae-AM. O objetivo foi reforçar a importância da inteligência de dados na tomada de decisões estratégicas para manter o setor em expansão sustentável, conectando oferta, demanda, emprego e políticas públicas.